ETE
DOM BOSCO Aluno: _________________________________ Turma : _____
Disciplina
Português Professora: Rosângela Dias Data:
____/_____/______
Literatura
Noções Gerais – Língua e Fala - parte 1
Funções da Linguagem
Pré-requisitos
básicos:
A
linguagem, como instrumento de comunicação, não é exercitada
gratuitamente.
Segundo
Karl Bühler, um enunciado estabelece uma relação tríplice com:
-
o emissor; 1ª pessoa
-
o receptor; 2ª pessoa
-
as coisas sobre as quais se fala; 3ª pessoa.
Fundamentando-se
nesse esquema, Bühler encontrou três funções na linguagem:
expressiva, apelativa e representativa.
Roman
Jakobson apóia-se nessas funções, desdobrando-as com nova
terminologia: emotiva, conativa e referencial.
Para
ampliar a tripartição de Bühler, Jakobson enfatiza mais alguns
elementos no processo comunicatório:
-
o canal
-
o código
-
a mensagem,
relacionando-os
com três novas funções: fática, metalingüística e poética.
Funções propriamente ditas
-
Função referencial (ou denotativa ou cognitiva). Aponta para o sentido real das coisas e dos seres.
Ex.:
À noite, vemos a Lua
no céu.
-
Função emotiva (ou expressiva). Centra-se no sujeito emissor e tenta suscitar a impressão de um sentimento verdadeiro ou simulado.
Ex.:
Que lua
maravilhosa!...
-
Função conativa (ou apelativa ou imperativa). Centra-se no sujeito receptor e é eminentemente persuasória.
Ex.:
Inspira-me, é lua!
-
Função fática (ou de contato). Visa a estabelecer, prolongar ou interromper a comunicação e serve para testar a eficiência do canal.
Ex.:
Alô, alô, astronautas na Lua,
vocês conseguem me ouvir?
-
Função metalingüística. Consiste numa recodificação e passa a existir quando a linguagem fala dela mesma. Serve para verificar se emissor e receptor estão usando o mesmo repertório.
Ex.:
A Lua
é o satélite natural da Terra.
-
Função poética. Centra-se na mensagem, que aqui é mais fim do que meio. Opõem-se à função referencial porque nela predominam a conotação e o subjetivismo.
Ex.:
“...a lua era
um desparrame de prata” . (Jorge Amado)
Registros
ou níveis de lingua(gem)
A
comunicação não é regida por normas fixas e imutáveis. Ela pode
transformar-se, através do tempo, e, se compararmos textos antigos
com atuais, percebemos grandes mudanças no estilo e nas expressões.
Por
que as pessoas se comunicam de formas diferentes? Temos que
considerar múltiplos fatores: época, região geográfica, ambiente
e status sócio-cultural dos falantes.
Há
uma língua-padrão? O modelo de língua-padrão é uma decorrência
dos parâmetros utilizados pelo grupo social mais culto. Às vezes, a
mesma pessoa, dependendo do meio em que se encontra, da situação
sócio-cultural dos indivíduos com quem se comunica, usará níveis
diferentes de língua.
Martins,
Dileta Silveira,
Português
instrumental/Dileta Silveira Martins e Lúbia Scliar Zilberknop.–16ª
ed.–Porto Alegre:Sagra: DC Luzzatto, 1994
Dentro
desse critério, podemos reconhecer, num primeiro momento, dois tipos
de língua: a falada e a escrita.
A
língua falada pode ser:
- Culta
- Coloquial
- Vulgar ou inculta
- Regional
- Grupal: Gíria e Técnica
A
língua escrita pode ser:
> Não-literária
- Língua-padrão
- Coloquial
- Vulgar ou inculta
- Regional
- Grupal = Gíria e Técnica
> Literária
(Português
Instrumental)
Níveis de língua
Além das diferenças geográficas, existem as
diferenças motivadas pelos chamados níveis de língua. Para
compreendê-las, basta observar que seu próprio modo de falar varia
de acordo com a situação em que você se encontra: ao conversar com
seus colegas, você não fala como falaria diante do diretor da sua
escola ou de sua mãe. Do mesmo modo, você já deve ter notado
diferenças na maneira de se expressar de um médico ou de um
advogado, condicionadas pelas situações em que se encontram: no
consultório ou no tribunal, eles empregam expressões e termos que
dificilmente utilizariam em uma conversa durante o jantar com a
família ou com amigos.
A
primeira grande distinção decorrente da existência dos níveis de
fala fé a que se faz entre a
língua culta
e a língua popular ou
linguajar.
A
língua culta prende-se aos modelos e normas da Gramática
tradicional e é empregada pelas elites sociais escolarizadas. É a
modalidade lingüística tomada como padrão de ensino, e nela se
redigem os textos e documentos oficiais do país.
Já
a língua popular ou linguajar é aquela usada diariamente pelo povo,
desprovida de qualquer preocupação com a “correção”
gramatical. Sua finalidade é eminentemente prática: comunicar
informações e exprimir opiniões e sentimentos de forma eficaz.
Ainda assim, há belos produtos literários escritos em língua
popular.
Ex.:
- Você aí, menino, para onde vai essa estrada?
-
Ela não vai não: nós é que vamos nela.
-
Engraçadinho duma figa como você se chama?
-
Eu não me chamo não, os outros é que me chamam de Zé. (continho – Paulo Menes Campos)
Língua falada e língua escrita
O
estudo sincrônico de uma língua revela a existência de muitas
variações. Inicialmente, há a diferença entre a língua
falada e a língua
escrita, dois meios de
comunicação diferentes. A língua falada é mais espontânea, mais
solta, acompanhada de mímica e entonação, que preenchem
importantes papéis significativos; a língua escrita não é a
simples representação gráfica da língua falada, mas sim um
sistema mais disciplinado e rígido, uma vez que não conta com a
significação paralela da mímica e da entonação.
(De Nicola, José,
1947 – Gramática contemporânea da língua portuguesa/José de
Nicola, Ulisses Infante – São Paulo: Scipione, 1997.)
1 - Língua Falada
1.1
Língua Culta – é a
língua falada pelas pessoas de instrução, niveladas pela escola.
Obedece à gramática da língua-padrão. É mais restrita, pois
constitui um privilégio e conquista cultural de um número reduzido
de falantes.
Ex.: Temos conhecimento de que alguns casos de
delinqüência juvenil no mundo hodierno decorrem da violência que
se projeta, através dos meios de comunicação, com programas que
enfatizam a guerra, o roubo e a venalidade.
1.2
Língua Coloquial –
é a língua espontânea usada para satisfazer as necessidades vitais
do falante sem muita preocupação com as formas lingüísticas. É a
língua cotidiana, que comete pequenos – mas perdoáveis –
deslizes gramaticais.
Ex.:
Cadê o livro que te emprestei? Me devolve em seguida, tá?
1.3
Língua Vulgar ou Inculta –
é própria das pessoas sem instrução. É natural, colorida,
expressiva, livre de convenções sociais. É mais palpável, porque
envolve o mundo das coisas. Infringe totalmente as convenções
gramaticais.
Ex.:
Nóis ouvimo falá do pograma da televisão.
1.4
Língua Regional – como
o nome já indica, está circunscrita a regiões geográficas,
caracterizando-se pelo acento lingüístico, que é a soma das
qualidades físicas do som (altura, timbre, intensidade). Tem um
patrimônio vocabular próprio, típico de cada região.
Ex.:
A la pucha, tchê! O índio está mais por fora do que cusco em
procissão – o negócio hoje é a tal de comunicação, seu guasca!
1.5
Língua Grupal – é
uma língua hermética, porque pertence a grupos fechados.
1.5 a)
Língua Grupal
(Técnica) – A
língua grupal técnica desloca-se para a escrita. Existem tantas
quantas forem as ciências e as profissões: a língua da Medicina
(como é difícil entender um diagnóstico...), a do Direito
(restrita aos meios jurídicos), etc. Só é compreendida, quando sua
aprendizagem se faz junto com a profissão.
Ex.:
O materialismo dialético rejeita o empirismo idealista e considera
que as premissas do empirismo materialista são justas no essencial.
1.5 b)
Língua Grupal (Gíria)
– Existem tantas
quantos forem os grupos fechados. Há a gíria policial, a dos
jovens, dos estudantes, dos militares, dos jornalistas, etc.
Ex.: O negócio agora é comunicação, e
comunicação o cara aprende com material vivo, descolando um papo
legal. Morou?
2
– Língua Escrita
2.1
Língua Não-Literaria –
A língua não-literária apresenta as mesmas características das
variantes da língua falada tais como língua-padrão, coloquial,
inculta ou vulgar, regional, grupal, incluindo a gíria e a técnica
e tem as mesmas finalidades e registros, conforme exemplificaremos
abaixo:
-
Língua Padrão é aquela que obedece a todos os parâmetros gramaticais.
Ex.:
“O problema que constitui objeto da presente obra põe-se, com
evidente principalidade, diante de quem quer que enfrente o estudo
filosófico ou o estudo só científico do conhecimento. Porém não
é mais do que um breve capitulo de gnoseologia.” (Pontes de
Miranda)
-
Língua Coloquial
Ex.:
Me faz um favor: vai ao banco pra mim.
-
Língua Vulgar ou Inculta
(Trecho
de uma lista de compras)
assucar,
basora (=vassora), qejo(=queijo), fosco(=fósforo)
-
Língua Regional
Deu-lhe
com a boleadeira nos cascos, e o índio correu mais que cusco em
procissão.
-
Língua Grupal
Ex.:
“Desculpa, mãe. É só o jeitão de falar. Vocês coroas também
não moram no papo da gente...”
Observação:
quando redigimos um texto, não devemos mudar o registro, a não ser
que o estilo permita, ou seja, se estamos dissertando – e, nesse
tipo de redação, usa-se, geralmente a língua-padrão – não
podemos passar desse nível para um outro, como a gíria, por
exemplo.
2.2
Língua Literária –
A língua literária é o instrumento utilizado pelos escritores.
Principalmente, a partir do modernismo, eles cometeram certas
infrações gramaticais, que, de modo algum, se confundem com os
erros observados nos leigos. Enquanto nestes as incorreções
acontecem por ignorância da norma, naqueles as mesmas ocorrem por
imposição da estilística.
Ex.:
“Macunaíma ficou muito contrariado. Maginou, maginou e disse prá
velha....” (Mário de Andrade)
Martins,
Dileta Silveira,
Português
instrumental/Dileta Silveira Martins e Lúbia Scliar Zilberknop.–16ª
ed.–Porto Alegre: Sagra: DC Luzzatto, 1994.
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